Passeio no bairro da Madragoa com a temática do fado, organizado pela câmara municipal de Lisboa
28 NOV 2012
O bairro da Madragoa está localizado entre santos e entre a Lapa. Desde o século XV que a sua malha urbana se tem vindo a desenvolver mais seriamente e é também desde a mesma altura que este é um espaço onde as raças e as culturas se misturam, onde pescadores, religiosos(as), burgueses e nobres cortesãos frequentam as mesmas ruas.
A nomenclatura do bairro "Madragoa" vem da expressão "Madres de Goa" que aí viviam, embora antes do terramoto de 1755 o nome deste bairro fosse: Mocambo
O nome
mocambo vem do tempo do reinado dos Filipes (1580-1640).
No local da actual embaixada de França já houve um palácio pertencente ao feitor da casa da Índia, construído em 1490 e que terá sido "cedido" ao rei D. Manuel (foi vendido, mas na verdade não por muita vontade do vendedor), que desejava ter uma residência fora da confusão da cidade de Lisboa.
Retirada de http://www.panoramio.com/photo/56759889
Rua da Esperança, no séc. XVI esta era a única saída oeste de Lisboa e que tinha passagem directa por Belém.
Quando D. Manuel foi para este palácio precisou de "empregados" (criados/escravos) e portanto povoou este bairro com os que tinha trazido de África (criando até bairros habitacionais para estes). No final do séc. XV e início de XVI a presença do rei D. Manuel
, e depois de seu filho, levou a que outros nobres e burgueses comerciantes quisessem ter os seus palacetes na Madragoa, o que por sua vez se revelou no desenvolvimento forte deste bairro.
Em 1580 com a passagem do trono de Portugal para a coroa de Espanha a presença do rei na Madragoa acaba. Sem rei nem corte os nobres e os burgueses afastam-se deixando para trás apenas os negros, daí então o nome "Mocambo". A partir desta altura o bairro entrou a em decadência.
O terramoto de 1755, tal como em toda Lisboa, deixou bem a sua marca neste bairro, essencialmente na igreja de Santos-o-Velho e no palácio dos marqueses de Abrantes (hoje embaixada da França), que foram muito restaurados posteriormente.
A sua ligação com a comunidade francesa começa em 1808 quando este palácio é ocupado pelos franceses durante as invasões napoleónicas. Mas a próxima verdadeira residente deste palácio só chega em 1934. Esta é Dª. Amélia de Leuchtenberg, que depois de viúva do rei D. Pedro IV vem viver para este palácio.
Antes de se tornar a embaixada francesa, o palacete foi comprado pelos Marqueses Lencastre em 1870 e só em 1917 é que este é alugado pelos Lencastre-Távora ao cônsul de França para sua residência pessoal. Mais tarde, o cônsul compra o edifício pela quantia de 80 contos.
A partir de 1937 começou a funcionar o instituto francês e depois a embaixada.
Actualmente, o interior do palácio é fruto de obras realizadas entre 1980 e 82, conservando um exterior do pós-terramoto.